Tadeu França, professor e ex-deputado constituinte, recorda um episódio significativo que ocorreu em março de 1983, quando o pai do atual governador do Paraná, Ratinho, buscava oportunidades de emprego. Em um relato detalhado, França descreve como a situação se desenrolou e as implicações que teve ao longo dos anos.
Naquela época, o pai do governador chegou ao gabinete de França pedindo ajuda para se mudar para Curitiba, pois não conseguia emprego em sua cidade. Com apenas três cargos disponíveis para nomeações, França decidiu contatar o governador José Rincha. “O Richa ouviu atentamente e perguntou o que o Ratinho sabia fazer”, conta. A resposta foi imediata: “Diga para o governador que eu sei fazer palhaçada.” O governador então sugeriu que talvez Ratinho pudesse se tornar um grande comediante na capital.
Richa ofereceu uma solução: deslocar um cargo comissionado do Palácio para garantir a mudança de Ratinho. “Eu fiz uma carta para o secretário Guignone da Cultura, apresentando-o”, explica França. Assim, ele se tornou um instrumento especial na trajetória que levaria Ratinho e sua família a Curitiba.
Anos depois, Tadeu França expressa sua surpresa ao ver o filho deste amigo, agora governador, enfrentando críticas pela gestão educacional no Paraná. “O que eu não imaginava é que passados alguns anos, o filho desse amigo pudesse acarretar tantos prejuízos aos professores do Paraná com o projeto de ‘parceria na escola’”, reflete.
França menciona a alegação frequente de falta de verbas para a educação e a precariedade das condições nas escolas estaduais. “A unidade em que lecionei quase se perde no meio do matagal”, lamenta ele. Apesar de ter contribuído para a ascensão da família Ratinho, ele admite não ter recebido nem mesmo um agradecimento do pai do governador.
A experiência de Tadeu França revela não apenas as complexidades das relações políticas, mas também as consequências das decisões tomadas por aqueles que foram beneficiados por sua generosidade no passado.
Constituinte Tadeu França