A infecção pelo HPV (Papilomavírus humano) é a principal causa do câncer de colo de útero, o terceiro tumor mais frequente e a quarta causa de morte entre mulheres no Brasil. Para facilitar a rastreabilidade e diagnóstico precoce, Maringá foi selecionada entre cinco cidades brasileiras, uma de cada região do país, para um projeto nacional de autocoleta de HPV. A iniciativa do Ministério da Saúde é desenvolvida pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em parceria com a Prefeitura. A ação envolve a capacitação de agentes comunitários de saúde para busca ativa de mulheres que não procuram as unidades para realização de preventivo. 

A pesquisa pretende comparar as duas modalidades de rastreabilidade do câncer de colo de útero: o preventivo, realizado por um profissional na unidade de saúde, e a autocoleta, que pode ser realizada pela própria mulher em casa, de forma parecida com os autoexames de Covid-19. Atualmente, o preventivo ou o Papanicolau é a única forma de diagnóstico por meio do Sistema Único de Saúde. O objetivo da pesquisa é comparar o custo-efetividade entre as duas modalidades de rastreio e verificar se a autocoleta pode ser incluída na política nacional de saúde. 

A pesquisa será nas regiões das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) Parigot de Souza e Requião e as mulheres serão separadas em dois grupos com 160 pacientes cada. O público-alvo são pacientes de 25 a 64 anos que não realizaram exame há quatro anos ou mais ou nunca realizaram. O grupo da UBS Requião será submetido a autocoleta e o da UBS Parigot de Souza realizará o preventivo. Para chegar até as pacientes, agentes comunitárias de saúde participam de treinamento para compreender a abordagem e oferecer o exame. 

A professora da UEM e coordenadora do projeto em Maringá, Márcia Consolaro, explica que muitas mulheres não realizam o preventivo devido à vergonha, medo ou desconforto. “A autocoleta de HPV, que traz mais conforto às mulheres, pode aumentar a adesão e facilitar o diagnóstico precoce. Além disso, trata-se de um teste molecular que detecta o DNA do vírus e apresenta mais eficácia que o Papanicolau. A ideia é, a partir dos dados coletados em todo o Brasil, estabelecer novos parâmetros para futura oferta do autoteste na rede pública”, diz. 

Além de Maringá, na região Sul, a pesquisa é desenvolvida por outras instituições de ensino superior em Ouro Preto (MG), na região Sudeste; Goiânia (GO), no Centro-Oeste; Natal (RN), no Nordeste; e em Manaus (AM), na região Norte. Em Maringá, os pesquisadores realizam capacitação dos agentes comunitários de saúde na UBS Requião nos dias 4, 5, 6 e 7 de dezembro. A busca ativa das pacientes nas regiões das UBSs Requião e Parigot de Souza deve começar em 11 de dezembro.      

Para o secretário de Saúde, Clóvis Melo, a escolha de Maringá para receber o projeto reforça a importância da produção científica da cidade. “Para nossa rede de saúde é muito importante participar desse projeto que, com certeza, vai trazer mais saúde e qualidade de vida para as mulheres. Além disso, a capacitação das agentes comunitárias de saúde vai garantir uma atuação ainda mais próxima da realidade das pacientes”, afirmou. 

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