Os voluntários fazem um trabalho fundamental de apoio à Defesa Civil para diminuir o sofrimento de quem é impactado por desastres. O Estado conta com uma rede de pessoas capazes de exercer atividades que podem variar desde o auxílio no combate a incêndios à triagem de doações.

Quando estamos diante de uma tragédia, o trabalho voluntário é essencial para reduzir o alcance, minimizar impacto e até para retomar a rotina nas áreas afetadas. No Paraná, a Defesa Civil do Estado conta com uma rede de pessoas capazes de exercer atividades que podem variar desde o auxílio no combate a incêndios à triagem de doações. Por isso, neste Dia Nacional do Voluntariado, a Agência Estadual de Notícias separou algumas histórias de paranaenses que fazem diferença em catástrofes, também em outros estados, como na enchente do Rio Grande do Sul.

Para o assessor de comunicação da Defesa Civil Estadual, capitão Marcos Vidal, os voluntários ajudam a diminuir o sofrimento das outras pessoas. “Em grandes desastres, a Defesa Civil sozinha não consegue dar conta de todas as atividades. Os voluntários auxiliam no combate a incêndios florestais, na separação ou entrega de materiais para comunidades isoladas, recolhem e cuidam dos animais, preparam alimentos para os desabrigados. São inúmeras as situações em que é possível ajudar”, destaca.

Os interessados em ajudar de maneira voluntária em casos de catástrofes no Paraná podem se cadastrar no site da Defesa Civil, onde é possível optar por uma das três categorias: pessoa física, pessoa jurídica e radioamador.

INCÊNDIOS FLORESTAIS – Em 2018, o Governo do Paraná criou o Programa de Incêndios na Natureza (PREVINA), que promove mecanismos para prevenção e combate de ocorrências em florestas e Unidades de Conservação Estaduais. Em todo o Estado, há 700 voluntários, 80 deles possuem o curso de brigadistas. O gerente de Áreas Protegidas do Instituto Água e Terra (IAT), Jean Alex dos Santos, faz parte do grupo. Na segunda quinzena de agosto, ele e mais três pessoas ajudaram no combate ao incêndio no Parque Estadual Vila Velha nos Campos Gerais.

“O fogo começou à tarde perto da rodovia, quando chegamos, o corpo de bombeiros atuava em duas frentes. Ajudamos no combate com abafador pra tentar conter os focos e no final deu tudo certo. Muitas vezes a nossa função é apoiar os bombeiros, levando material e água, porque as ocorrências podem ser em locais de difícil acesso onde o caminhão não alcança”, explica.

ENCHENTES – A última grande tragédia no Paraná foi em União da Vitória. Em novembro de 2023, o Rio Iguaçu transbordou e permaneceu 47 dias acima do nível normal. Ao todo, 6.665 imóveis foram invadidos pela água.

Uma das instituições que auxiliou foi a Casa Caritas, ligada à igreja católica, que funcionou como uma central de triagem e distribuição de doações. Os 30 voluntários da diocese viram o time triplicar nas longas semanas em que a cidade permaneceu debaixo d’água. Sem aula nas escolas, professores se apresentaram, comerciantes e profissionais de diversas áreas também se revezaram num esforço coletivo para atender a população, como conta a aposentada Célia Martins.

“Muitas voluntárias que trabalharam com a gente estavam com a casa, o local de trabalho afetados pela enchente. Aí é que a gente vê o coração das pessoas. Mesmo com todo esse sofrimento estavam conosco. Até hoje, quase um ano depois, ainda atendemos algumas famílias que sofrem com as consequências daquela enchente”, destaca a aposentada.

O escritório regional do IAT também atuou firmemente em União da Vitória, auxiliando nos resgates de pessoas e animais. Para o chefe do escritório, o engenheiro florestal Augusto Lindner, essa experiência foi determinante para o auxílio futuro aos atingidos pela enchente no Rio Grande do Sul, em maio deste ano.

Ao todo, 17 técnicos do IAT Paraná permaneceram 12 dias no município de Canoas ajudando no resgate de animais (silvestres e domésticos), pessoas e na distribuição de alimentos. O IAT cedeu oito caminhonetes 4X4 e quatro embarcações para ações de ajuda humanitária.

“Muitas famílias não queriam sair das casas, daí a gente levava cestas básicas, tanto nas caminhonetes, quanto nas embarcações, porque eram de grande porte, com boa capacidade de carga. Auxiliamos a Defesa Civil de Canoas e ficamos responsáveis por dois bairros. Chegamos lá no pico do Rio Guaíba. Ajudamos em tudo que podíamos, a polícia do Mato Grosso, da Bahia e Santa Catarina, que foram reforçar o policiamento no Rio Grande do Sul, não tinham embarcação, então a gente dava esse apoio até pra fazer a patrulha”, afirma Lindner.

Enquanto as equipes do Paraná estavam no Rio Grande do Sul, uma imensa força-tarefa uniu os paranaenses. Toneladas de doações foram entregues nos quartéis do Corpo de Bombeiros e outros locais de arrecadação. O trabalho voluntário foi essencial na etapa de triagem e separação antes de enviar os donativos.

Na sede do Departamento de Trânsito (Detran) em Curitiba, num esquema de rodízio, todos os dias 15 servidores deixavam as atividades de rotina para somar força no Centro Logístico da Defesa Civil Estadual. Eles descarregaram e carregaram dezenas de caminhões com itens que chegavam de todas as regiões. Eram colchões, garrafas d’água, cobertores, roupas e itens de limpeza e higiene pessoal que passavam pela triagem e eram embarcados para o Rio Grande do Sul.

O diretor-presidente do Detran, Adriano Furtado, destaca que a solidariedade está na rotina dos servidores e por essa razão mobilizou um grande número de pessoas sete dias da semana. “Auxiliamos com os nossos veículos de grande porte, na coleta e distribuição de donativos. Durante a semana, abrimos mão do horário para os servidores poderem ajudar e nos finais de semana tivemos uma força de atuação ainda maior”, explica.

A assessora Michele Polli era uma das voluntárias. “Lá a gente descarregou caminhão, separou e dobrou roupas, montamos caixas para acomodar os alimentos, fizemos várias atividades. Aqui, sempre que surge alguma questão de necessidade de algum colega ou de fora, a gente tem a pró-atividade de se juntar a ajudar o próximo, independente de ser colega de trabalho ou não”, afirma.

RADIOAMADORES – Nos grandes desastres é comum algumas casas ou bairros ficarem isolados, muitas vezes sem qualquer comunicação via telefone ou internet. Por isso, os radioamadores são essenciais para assegurar o fluxo de informações dos dois lados: de quem precisa de ajuda e daqueles encarregados de prestar o auxílio.

O governo estadual atua em parceria com a Rede Estadual de Emergência de Radioamadores (Reer), com mais de 160 voluntários. O presidente da Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão (LABRE), Renato Figuerôa, é um destes voluntários e relembra alguns momentos mais relevantes, como em 2022, quando um deslizamento de terra que interditou a BR-376.

Sob orientação do comando da operação, uma equipe de radioamadores permanecia 24 horas no local e enviava informações para a sede da Defesa Civil Estadual em Curitiba, onde outro grupo se mobilizou para receber e repassar as mensagens.

Em 2011, uma grande corrida de lama deixou o bairro Floresta, em Morretes, completamente isolado. Os radioamadores voluntários seguiram de helicóptero até o local onde foi instalada a estação alimentada por um gerador. “As pessoas começaram a vir pedir alimento e até socorro para os feridos”, comenta Figuerôa. “É muito gratificante, uma grande satisfação para gente poder pegar as informações e levar para as autoridades em um momento de grande necessidade”, afirma o radioamador.

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