Dados do Registro Brasileiro de Transplantes, divulgado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, mostram que Estado registrou 42,5 doadores por milhão de população. O trabalho apontou que o Paraná possui a menor taxa de recusa familiar para doação do Brasil, com 27%, enquanto a média brasileira foi de 42%.

O Paraná manteve a liderança nacional em doações de órgãos, registrando 42,5 doadores por milhão de população (pmp) em 2023. Em números absolutos são 486 doadores efetivos. Os dados são do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT), elaborado e divulgado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) nesta semana. A média do Brasil foi 19,9 pmp.

As doações de órgãos ocorrem somente após o diagnóstico da morte encefálica e precisam ser autorizadas pela família do doador, mesmo que o paciente tenha registrado em vida a vontade de ser doador. Todas as famílias dos potenciais doadores passam por uma conversa com as equipes de saúde para esclarecer dúvidas e receberem orientações quanto à possibilidade da doação de órgãos.

O RBT apontou que o Paraná possui a menor taxa de recusa familiar para doação do Brasil. O Estado registrou 27% de recusa durante as entrevistas familiares, enquanto a média nacional foi de 42% no ano. No Mato Grosso, por exemplo é de 78%.

O secretário estadual da Saúde, Beto Preto, falou sobre a importância da solidariedade das famílias paranaenses. “Nos últimos anos o Paraná tem mantido este destaque e devemos isso à solidariedade dos paranaenses. Mesmo durante um momento muito difícil, de luto e dor, as famílias do nosso Estado se compadecem da necessidade de outras pessoas e nos ajudam neste processo tão importante, que é salvar e melhorar a qualidade de vida dos paranaenses”, afirmou.

TRANSPLANTES – Segundo a ABTO, em 2023 o Paraná ficou atrás apenas do Distrito Federal em número de transplantes de fígado. O Estado fez 299 procedimentos, num total de 26,1 pmp. O Distrito Federal registrou 140 procedimentos, num total de 49,7 pmp. A média no País, para este procedimento, ficou em 11,6 pmp.

Dentre os 14 estados que realizaram transplantes de medula óssea, o Paraná se manteve em 3º lugar com 36,3 pmp (415 procedimentos no total), atrás de São Paulo (41,5 pmp – 1.845 procedimentos) e Distrito Federal (68,5 pmp – 193 procedimentos). A média do Brasil fechou em 36,3 pmp.

O Estado também atingiu o 4º lugar no ranking de transplantes de rim (com 487 procedimentos – 42,6 pmp) e córnea (1.298 procedimentos – 113,4 pmp). A média nacional foi de 29,8 pmp. Além disso, no último ano, dentre as 27 unidades federativas, apenas sete realizaram transplantes de pâncreas e 13 transplantes de coração. O Paraná atuou nas duas frentes, registrando sete transplantes de pâncreas – 0,6 pmp e 26 transplantes de coração, num total de 2,3 pmp.

PEDIÁTRICOS – O Paraná também se destaca na realização de transplantes pediátricos, que inclui a população de 0 a 17 anos. No ano passado, o Estado registrou 86 transplantes de medula óssea neste público, num total de 32,4 por milhão de população pediátrica (pmpp), atingindo o 3º lugar dentre os 11 estados com registros.

Já com relação a transplantes de fígado, foram realizados 21 – 7,9 pmpp, também em 3º lugar no ranking nacional, dentre os dez estados que registraram esse procedimento; e 20 transplantes de rim, num total de 7,5 pmpp atingindo o 5º lugar dentre os 18 estados com registros.

FILA DE ESPERA – Segundo um levantamento do Sistema Estadual de Transplantes (SET/PR), atualmente 3.716 pessoas esperam por um transplante no Paraná: 2.002 são do público masculino e 1.714 feminino. A maior demanda é para transplante de rim, com 2.073 cadastrados, seguido por córnea com 1.323, fígado 245, coração 40, rim 18, pulmão 15 e pâncreas 2. No País são 42.284 pessoas.

ESTRUTURA – A Central Estadual de Transplantes (CET) fica em Curitiba e é responsável pela coordenação das atividades de doação e transplantes em todo Estado. Além disso, conta com quatro Organizações de Procura de Órgãos (OPOs), na Capital, Londrina, Maringá e Cascavel. Estas unidades trabalham na orientação e capacitação das equipes distribuídas em 67 hospitais do Paraná, que mantêm Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT).

Ao todo são cerca de 700 profissionais envolvidos, entre eles 32 equipes de transplante de órgãos, 29 serviços transplantadores de córneas, três bancos de córneas (Londrina, Maringá e Cascavel) e um banco de multitecidos (córnea, válvulas cardíacas, pele e tecido ósseo) em Curitiba

Para efetivação dos transplantes é necessário eficiência na logística do transporte do órgão do doador até o receptor. Para tanto, o Governo do Estado disponibiliza toda infraestrutura aérea e terrestre para o transporte dos órgãos. São nove veículos próprios do Sistema Estadual e Transplantes para atender as unidades distribuídas no Estado, além do apoio da frota das Regionais de Saúde e mais 12 aeronaves à disposição para serem acionadas caso haja necessidade.

As aeronaves da Casa Militar realizam um trabalho integrado com a CET, e registraram 521 missões para transporte de órgãos nos últimos cinco anos. Em 2023, a equipe registrou recorde no número de missões para transporte de órgãos. Foram mais de 300 horas em 137 voos, para o transporte de pelo menos 211 órgãos, mais que o dobro do número registrado em 2022, quando as equipes atuaram em 79 missões pela CET.

CURSO – A Secretaria da Saúde, por meio da CET e da Organização de Procura de Órgãos de Cascavel (OPO), na região Oeste, realiza nesta semana curso de formação de coordenadores de Comissões Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT).

As comissões são formadas por equipes multiprofissionais da área de saúde, e tem a finalidade de realizarem, no âmbito da instituição hospitalar, as rotinas e protocolos que possibilitem o processo diagnóstico de morte encefálica e de doação de órgãos e tecidos para transplantes. Mais de 120 profissionais da saúde participaram do encontro.

“Os profissionais que compõem essas equipes são de extrema importância para o êxito do processo de doação. São eles os responsáveis pelo acolhimento dos familiares de pacientes que tiveram o protocolo de diagnóstico de morte encefálica, esclarecem as dúvidas e oferecem a possibilidade da doação de órgãos e tecidos”, ressaltou a coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Juliana Ribeiro Giugni.

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